Gostava de mastigar balas de mel enquanto planejava, elaborava ou simplesmente pensava na vida.
Mas aquela noite era mais que especial: sentada com seu pacote de balas, esperava a chegada do Amor. Há muito esperava esse encontro, até imaginava as palavras que seriam ditas... Se aproximava o momento de abrir as portas para o Amor, só de pensar, suspirava: como seria lindo estar ao lado dele! À meia-noite, estaria cara a cara com o mais nobre de todos os seres. As balas traziam doces sentimentos. Mas apenas as mastigava, o sabor não durava muito.Tinha de aprender a degustar cada uma delas, sem pressa para quebrá-las. Seriam as balas uma metáfora para seus sentimentos amorosos?
Meia-noite.Vestida de vermelho, com flores no coração e com a esperança nascendo em seu tímido sorriso- esperava, cada vez mais ansiosa. Sempre temera ao Amor, não sabia o porquê...De repente, lembra-se de todos os momentos em que jurou estar amando. Como doem as lembranças. Ouve passos: será ?
Não era. Mas já era quase uma hora e o sono era quem se anunciava. O que fazer? Suas balas haviam acabado. E o Amor? Teria se perdido em alguma esquina? Morreu? Se embriagou?
Ela ligou a Tv que, em um jornal da madrugada, noticiava mais um crime passional. Naquele exato momento,o advogado do acusado dava uma entrevista. Apesar do sono, percebeu que quem defendia o criminoso era o Amor.