Romã com travesseiro nasceu da minha vontade e da necessidade de escrever.Falar do mundo, falar de tudo...O nome saiu de uma música do grupo Legião Urbana, chamada:"se fiquei esperando meu amor passar", na qual o eu lírico diz:"sei rimar romã com travesseiro".Sempre pensei em qual seria o "porquê" deste verso, o que queria dizer....Pesquisei ,li, reli e cantei a letra diversas vezes ...A minha conclusão(temporária) foi que o amor permite que coisas aparentemente impossíveis aconteçam, o amor dá a liberdade para que possamos fazer tudo, inclusive "rimar romã com travesseiro".Talvez não tenha sido esta a intenção dos autores , mas como leitora tenho todo o direito de fazer a minha (re)leitura, a minha interpretação...Romã com travesseiro é uma rima impensada, mas não impossível.







sábado, 31 de dezembro de 2011

"Tão contrário a si é o mesmo Amor..."

Gostava de mastigar balas de mel enquanto planejava, elaborava ou  simplesmente  pensava na vida.
Mas aquela noite era mais que especial: sentada com seu pacote de balas, esperava a chegada do Amor. Há muito esperava esse encontro, até imaginava as palavras que seriam ditas... Se aproximava o momento de abrir as portas para o Amor, só de pensar, suspirava: como seria lindo estar ao lado dele! À meia-noite, estaria cara a cara com o mais nobre de todos os seres. As balas traziam doces sentimentos. Mas apenas as mastigava, o sabor não durava muito.Tinha de aprender  a degustar cada uma delas, sem pressa para quebrá-las. Seriam as balas uma metáfora para seus sentimentos amorosos?

Meia-noite.Vestida de vermelho, com flores no coração e com a esperança nascendo em seu tímido sorriso- esperava, cada vez mais ansiosa. Sempre temera ao Amor, não sabia o porquê...De repente, lembra-se de todos os momentos em que jurou estar amando. Como doem as lembranças. Ouve passos: será ?

Não era. Mas já era quase uma hora e o sono era quem se anunciava. O que fazer? Suas balas haviam acabado. E o Amor? Teria se perdido em alguma esquina? Morreu? Se embriagou?
Ela ligou a Tv que, em um jornal da madrugada, noticiava mais um crime passional. Naquele exato momento,o advogado do acusado dava uma entrevista. Apesar do sono, percebeu que  quem defendia o criminoso era o Amor.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Love song




Qual será a trilha sonora do nosso amor? Estive pensando nisso... É estranho não termos uma música...Talvez não tenhamos  um amor para uma trilha. Nosso amor não alcançou esse patamar. Nem outros... E agora? Que melodia acompanhará os meus pensamentos quando eles forem seus? Que canção embalará a minha saudade?

O que mais não tivemos?

Eu sei onde nos perdemos. Eu sei onde te perdi. Sei muita coisa sobre nós.Mas não sei como voltar.Não sei como te encontrar.Não sei mais onde nos achar. O único lugar em que te vejo é nas minhas lembranças. E, nem  sei o porquê de te ver em mim, ainda...

É, não temos uma canção, no máximo, temos recordações. E ainda compartilhamos o amor que não foi vivido.Ou compartilhamos a esperança de viver um grande amor?

No dia em que encontrarmos uma música que cante todas as nossas perdas, nossos encontros, desencontros e reencontros, e assim, nos cante e encante, estaremos, nesse dia, celebrando o ter, o perder, o encontrar, o reencontrar e, acima de tudo, a chance de conjugar o verbo amar no presente eterno.

sábado, 22 de outubro de 2011

Esperança




Há dias melancólicos
Há nostalgia e tristeza também
Há uma vontade enorme de reviver
Pequenos pedaços da vida
Há a certeza de que o tempo
vai, deixando  marcas...
Há você
mas não há mais nós

Há uma janela que se abre
Há portas que se fecham
Há muitas escolhas
Há um  caminho
Que garante a felicidade
Não há garantia de que
o amor ande
Nesse mesmo caminho...

Há o medo de seguir
Mas há vontade de continuar
Há o novo
Mas há o medo de arriscar
Ou arriscar-se

Há um lindo sol
Mas há raios que queimam
Há a esperança
E nada há que a impeça
De seguir


sexta-feira, 21 de outubro de 2011

"O vento vai dizer, lento, o que virá..."




Quantas vezes a vida nos surpreende?
Ana havia sido surpreendida, pela primeira vez, com um amor possível. Mas na possibilidade do acontecimento, descobriu que o homem  que lhe devolvera a esperança, na verdade era um  garoto. Duvidou mais uma vez do amor, mas quis arriscar. Sempre ouvira que o "amor não tem idade". E voou. E amou. E foi amada. E foi feliz, pois descobriu que o risco -além de companheiro do medo- é um dos nomes da felicidade.



sexta-feira, 9 de setembro de 2011

"El tiempo lo dirá..."

 Todos os dias, quando acordava, insistia em lembrar do que não havia acontecido. Estranha mania aquela: de sentir falta do que nunca teve, do que nunca viveu, de quem nunca a amou, do que nunca...nunca. Gostava de pensar no tempo, acreditava que ele realizaria todos os seus desejos...mas não se sentia capaz de esperar ...
No entanto, deixou que o tal tempo resolvesse a sua vida: encarregando-o de retirar todas as lembranças, mas só aquelas: os beijos que não foram dados, os abraços que tiveram que ser guardados, as palavras que não ecoaram, o arrependimento de não ter sentido, quando isso lhe foi permitido...
"Senhor Tempo, quando é que o meu querer estará em sintonia com o meu viver ?", esta pergunta residia em seus pensamentos...mas não adiantava, a resposta não vinha: ainda não estava no tempo... 

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

"Toca pra mim..."

Não tinha jeito: ou se rendia ao som daquela paixão ou se tornava surda...Era inexplicável o que sentia quando o ouvia tocar. Ela acreditava desafiar a percepção sensorial, pois, conseguia ver-através daqueles acordes-um lugar bonito - chamado por alguns de paraíso.O Éden perdido...
Aquele garoto era absolutamente normal, mas havia algo na sintonia entre a sua voz e  o som do seu violão...Seria ele "el príncipe azul"? Não sabia, mas queria descobrir. Era o que ela mais queria...Amava vê-lo, tanto quanto ouvi-lo. Mas quando visão e audição eram aguçadas simultaneamente, o mundo parava, e então, era só eles dois...
De repente, sentia-se triste, porque sabia que aquele momento iria acabar: o "pra sempre sempre acaba" (e pra ele talvez nunca tivesse começado- isso também a entristecia). Por isso, seguia calada. Guardava em si todo o amor que havia  juntado, todo o amor que ainda não havia morrido...Ela não sabia se os dois, um dia, formariam uma só nota: um Lá maior ou menor, um Si. Disso ela não sabia. Mas na verdade, pouco importava, porque ainda poderia ouvi-lo tocar e sabia, que neste momento, qualquer acorde realizado faria renascer, em seu peito, aquele amor -que de tão persistente- já era considerado imortal, ou simplesmente, uma canção de incerto final, talvez sem final...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Homicídio

Hoje a ferida foi reaberta
Acho que você  nunca vai cicratizar
Você consegue me deixar triste
Sem precisar fazer nada
Você consegue me deixar feliz
Fazendo quase nada
Assim, entre a felicidade e a tristeza
que você causa em mim
Existe uma linha tão fina
Quanto aquelas da teia de aranha
Quando lembro que você existe
Vive, respira sem ter a necessidade
 minha que eu tenho de você...

Ouço sons que me lembram seu sorriso
Vejo alguém que me leva à sua presença
Sinto o vento e sou levada pela imaginação
A sentir o teu toque...
Que triste é meu fim, meu estado
Gostar de você não é uma escolha
É uma loucura que se apoderou
De minha  mente,tornando-a insana

Eu quero te esquecer
Diz que não gosta de mim
Eu preciso ouvir um não tão
triste quanto a tua ausência
Eu preciso te matar em mim
Para que eu não morra sem você

domingo, 24 de julho de 2011

"Desculpe,estranho...Eu voltei mais puro..."

Todos os dias sentia a mesma coisa: a sensação de não  se encaixar neste mundo... E não é que não gostasse de nada que via; era a certeza de ter que ver e sentir aquelas coisas, que para alguns  era fonte de alegria e a ela lhe causavam nojo e piedade.Será que via além? Ou será que não via nem o que os outros viam...Não se sabe, não se saberia: ao menor questionamento, lhe tomariam como louca. Mas não dizem que os loucos- incensuráveis pelas vergonhas humanas- são mais sinceros em tudo que dizem? O mundo não saberia lidar com suas inseguras certezas. Assim, desejava conhecer um outro planeta, no qual a sua estranheza se transformasse em qualidade, e a sua forma diferente de conceber a realidade não fosse doença. Quis ser livre. Livre.Talvez feliz.Talvez menos triste.Quis viver...E para isso tomara uma decisão: pegaria um ônibus espacial. Pagaria tudo o que tinha para ser normal em um lugar estranho com pessoas estranhas.Queria se sentir amada e acolhida, não sabia por quem, só sabia que aqui, neste mundo, isso nunca iria acontecer. Já tinha experimentado,e a dor resultante de tais tentativas era muito superior a pior dor que um ser humano normal poderia suportar...E ela suportara.Tão pouco desejava da vida, que este pouco não foi visto, nem sentido.Agora só lhe restava conhecer outros seres.Talvez aqueles que viviam em sua imaginação...Nesta noite, em  que esperava a sua vez de ser executada pelo crime de querer ser normal num mundo de pessoas estranhas, visitou outros lugares. Tomou  o ônibus espacial. Mas teve que retornar assim que seu nome foi chamado: era a voz do carrasco, que levaria de uma vez por todas a sua vida. Só neste momento percebeu que talvez já estivesse morta há muito tempo, desde o dia em que mataram os seus sonhos, chamando-os de loucura.
Não sabiam eles que sem sonhos é impossível permanecer vivo.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

"E sigo buscando..."

O passado em construção
Beirando um presente incerto
E um futuro imperfeito
Ânsias no peito, vontade de regredir ou progredir
Vistas no novo, no porvir
Olhos abertos voltados para o céu
Buscando caminhos ou uma saída:
A possibilidade de reinventar ou reiventar-me
O que viver?As notícías lá fora
Refazem o meu ser,
As pessoas aqui dentro, no meu peito,
Não sabem me dizer pra onde ir
Também estão perdidas...

E sigo buscando...

Encontro a dor abraçada com o sofrimento
Riem porque conseguiram parar alguns
Dizem:"Fomos mais fortes, vencemos!"
Passo perto, e me dou conta
De um corte, o sangue escorrendo...
São lágrimas, são pétalas vermelhas
Que marcam o meu caminho

E sigo buscando...

Só aí percebo:era meu coração
Que estava ferido
O corte aumentava
E eu via meu coração, cada vez mais
Perto do chão
Vi a morte também
Vi que as lágrimas, o sangue, as pétalas
Não caíam, nasciam
Porque eu tentava encontrar alguém
Que ao cruzar  pelo meu caminho
Se perdeu também...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

"El reflejo de tus ojos en los míos..."

Havia tempo que não se falavam. Não trocavam olhares. Não dividiam os vestígios daquela paixão. Mas naquele dia aconteceu: notaram-se. Ela trazia algo de ressentimento, ele, como sempre, nada levava, mas ainda assim pôde vê-la. O que aconteceu naquele instante foi a aplicação da lei do eterno retorno.Só não se sabia quem retornava.Ela voltava no tempo, para suas lembranças que tiveram de ser guardadas em alguma gaveta do coração...Ali estavam, frente a frente, ela sem graça, ele sem vergonha. Se olharam, se viram e juntos sentiram uma pequena vontade de permanecer ali, naquela contemplação.Não se sabe quanto tempo durou.Mais de três segundos, talvez...O tempo, tão sábio, parece incapaz de medir o amor.
Palavras não caberiam ali. Ela desviou o olhar. E ele, quebrando o ruidoso silêncio,desejou-lhe um bom dia.

sábado, 21 de maio de 2011

Je suis fou de toi...

Como sempre, acordei guerreando contra o meu corpo que queria continuar aquecido pelo cobertor.Consegui, levantei-me e fui ao banheiro:lavar o rosto, retirar a sombra da noite e me preparar para o novo.Abri a torneira, tudo muito sorrateiramente, alcoolizada pelo sono. Espanto: me olhei no espelho e vi que  meus olhos traziam a tua imagem, como uma lente...uma lente que você pôs em mim enquanto eu dormia...Foi um sonho.Lavei mais uma vez o rosto, esfreguei com força...era tudo culpa do sono.Ainda não tinha acordado.Me olhei mais uma vez no espelho, convicta de que tua imagem tinha sido uma miragem, uma miragem interna,e que havia descido com a água...Surpresa notei que seu rosto ainda estava em meus olhos, eu vi, o espelho não mentia: era você. Me desesperei. Como te apagaria? Todos veriam agora que eu te amava...Lembrariam que os olhos são o espelho da alma...Em uma tomada de consciência, vi que seria impossível te tirar de meus olhos, porque eu te trazia em meu coração.
Enxuguei o rosto e saí.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Desencontros

Às vezes penso em mim...
Penso em tudo que me acompanha:
A solidão, a ilusão, aquelas tristes lembranças...
Acho que a vida está nos levando por caminhos
Certos,descruzando-nos, desencontrando-nos
Desencontrando-me...
Sempre é nunca.Parecer é realmente.
Eu tenho que acreditar em minhas mentiras
Para dizê-las à tua pessoa....
Repara se não é assim?
Eu saindo, você chegando
Eu cantando, você chorando
Eu sonhando, você vivendo
Eu querendo, você desprezando
Eu buscando, você fugindo
Eu quieta, você barulhento
Nestes desencontros, percebo
O quanto merecemos (não) nos encontrar.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Será que você ainda pode me amar?

Será que uma estrela meio apagada
Pode ficar radiante como antes?
Será que um vagalume doente
Pode piscar como antes?
Será que um coração ferido
Pode amar como antes?
Nunca estudei tal capacidade em
Seres humanos, só nas lagartixas...

Será que você ainda pode me amar?

Música de manivela

Sente-se diante da vitrola
E esqueça-se das vicissitudes da vida
Na dura labuta de todos os dias
Não deve ninguém que se preze
Descuidar dos prazeres da alma

Discos a todos os preços

Este poema de Oswald de Andrade, tão singelo, retoma uma questão  fundamental na vida de qualquer ser humano: a presença da arte, representada no poema pela música.
Fico pensando:será que viveríamos sem música?Alguém disse que a "necessidade é a mãe das invenções",logo,  a música é uma necessidade, assim como, comer, beber água e amar.O que lamento é que muitos se fechem  para novos artistas, para outros ritmos e acabem se tornando reféns de um único tipo de música e que, às vezes, nem  é arte ...é só barulho e poluição sonora.Claro que respeito todos os gostos, mas é triste ver que muitos escutem justamente aquilo que os aliena e os manipula, e que já por estarem alienados não se deem conta disso.Em minhas aulas, discuto com os alunos se gostamos por que queremos ou aprendemos a gostar do que  a mídia quer que gostemos? 
Será que ainda sabemos apreciar a boa música?E, quando digo boa não estou aqui me referindo a um cantor ou a um estilo.Digo boa, em questão de conteúdo, de sentimento e de valores.Afinal, estes não são os aspectos que arte expressa? Muitas vezes me perguntei por que a maior parte das nossas rádios(99,9%), toca tão pouco a MPB e não valoriza grupos que resgatam a cultura  local, a nossa cultura...Dizem que é porque o "povo" não pede, mas acredito que o povo não peça porque não conhece.E isto é bem fácil de ser demonstrado porque quando estoura uma música de um artista considerado mais cult nas rádios, é sempre uma música que está presente em alguma novela.E novelas são vistas.
Se houvesse divulgação de outros artistas que em suas letras não tratassem tanto de partes íntimas femininas ou apresentassem tanta conotação sexual,será que as pessoas rejeitariam? Se tivessem a oportunidade de escutar boas músicas, não aprenderiam a gostar também?Será que é tão difícil assim gostar de "cotidiano", de "pais e filhos", de "oração ao tempo" e de tantas outras?
Lamento pelas gerações que agora estão na faixa etária de 10-20 anos, porque não sei o que eles oferecerão aos seus filhos para ouvir, já que estão tendo seu gosto musical moldado por uma mídia inescrupulosa...
O bom é que  ARTISTAS sempre existirão, divulgados ou não.Sempre haverá boa música a ser apreciada, mesmo que sejam os clássicos de sempre e ainda bem que a arte de verdade é imortal.
Seremos então, como os portugueses: sobrevivendo de glórias passadas...

Se fiquei esperando meu amor passar...

Trago aqui  a letra que tanto "me gusta" e que contribuiu para este blog emprestando  um verso, na verdade, menos que um verso e bem mais que muitas palavras...Obrigada Bonfá,Russo e Dado Villa-Lobos.E como dizem os legionários:"Urbana Legio Omnia Vincit"!!! 

Se fiquei esperando meu amor passar
Já me basta que então, eu não sabia
Amar e me via perdido e vivendo em erro
Sem querer me machucar de novo
Por culpa do amor
Mas você e eu podemos namorar.
E era simples: ficamos fortes.
Quando se aprende a amar
O mundo passa a ser seu
Quando se aprende a amar
O mundo passa a ser seu
Sei rimar romã com travesseiro
Quero a minha nação soberana
Com espaço, nobreza e descanso.
Se fiquei esperando meu amor passar
Já me basta que estava então longe de sereno
E fiquei tanto tempo duvidando de mim
Por fazer amor fazer sentido.
Começo a ficar livre
Espero. Acho que sim.
De olhos fechados não me vejo e,
Você sorriu pra mim
"Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo,
Tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo,
Tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo,
Dai-nos a paz."
 Fonte:http://letras.terra.com.br/legiao-urbana/46976/